O Brasil registrou nesta terça (25) o primeiro caso de coronavírus. A Folha apurou que o teste de contraprova de um paciente que já havia sido notificado como caso suspeito nesta noite também deu positivo.
A informação foi confirmada com uma fonte envolvida no processo. Mais cedo, o homem havia testado positivo para o vírus no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e sido submetido ao teste de contraprova no Instituto Adolfo Lutz, cujo resultado deve ser anunciado nesta quarta (26) pelo Ministério da Saúde.
Com isso, o Brasil passa a ser o primeiro país da América Latina com um caso confirmado do novo vírus que já matou 2.708 pessoas no mundo.
Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, o paciente foi atendido na segunda (24), e a Vigilância Epidemiológica estadual foi notificada nesta terça (25). “O paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias”, afirma o hospital em nota. O homem está em casa.
A Anvisa afirmou em nota, na noite desta terça, que solicitou a companhia aérea a lista de passageiros do voo que trouxe o paciente ao Brasil, e que “aumentou a criticidade no monitoramento dos voos internacionais provenientes de países onde há casos confirmados da doença”.
Na terça (25), a pasta havia divulgado que o primeiro teste realizado no paciente tinha dado positivo para o Sars-CoV-2. As amostras foram enviadas ao laboratório de referência nacional, o Instituto Adolfo Lutz, para realização da contraprova que confirmou a infecção.
Até esta quarta, mais de 80 mil pessoas foram infectadas e 2.708 morreram em decorrência da doença Covid-19.
O período em que o homem esteve na Itália a trabalho (do dia 9 a 21 de fevereiro) coincide com a explosão de casos no país europeu, quando mais de 220 pessoas foram infectadas.
Até esta quarta, mais de 320 pessoas foram infectadas e 11 morreram na Itália. O aumento no número de casos pode ter relação com falhas de procedimento em um hospital na região de Milão, onde foi internado um paciente considerado “número um”, segundo informou o primeiro-ministro Giuseppe Conte.
Além da confirmação do primeiro caso de contaminação pelo coronavírus em São Paulo, autoridades de saúde monitoram ao menos outros dois casos suspeitos da doença nos estados de Espírito Santo e Pernambuco.
Em todos os casos, os pacientes chegaram ao país de viagem da Itália nos últimos dias.
No Espírito Santo, o paciente procurou atendimento numa UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Carapina, na noite desta terça (25). Na sequência, foi levado ao Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves.
A secretaria de saúde capixaba não informou se o paciente já foi submetido a algum exame.
Em Pernambuco, a mulher suspeita de ter sido contaminada pelo coronavírus já foi submetida a exames e foi encaminhada ao Hospital Universitário Oswaldo Cruz. O resultado dos exames serão conhecidos pelas próximas 72 horas.
O governo de São Paulo decidiu criar um comitê de contingenciamento para enfrentar a chegada do coronavírus.
Ele será coordenado pelo infectologista David Uip e reunirá os maiores especialistas em doenças contagiosas do estado, como o infectologista Marcos Boulos, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e o diretor do hospital Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Junior.
“Guerra é guerra”, disse Uip, que já foi contatado para assumir a função. Segundo ele, São Paulo está preparado para enfrentar o vírus. “O estado já passou por outras epidemias, como a do H1N1”, afirmou o médico. Em 2009, foram registrados 1.900 casos na capital paulista e 9.000 em todo o estado.
Segundo ele, há planos de contingenciamento já elaborados para enfrentar a chegada do vírus. Eles precisam apenas ser atualizados e implementados.
Uma das primeiras providências deve ser isolar leitos de hospitais públicos e privados para receber eventuais pacientes infectados. Haverá também medidas de proteção a profissionais de saúde e estudos rigorosos sobre o fluxo de entrada de pacientes no sistema de atendimento e hospitalar.
Ele afirma que várias questões precisarão ser esclarecidas para a população –como a necessidade de uso de máscaras, por exemplo.
Elas precisam ser descartadas a cada período e cada pessoa teria que usar no mínimo três máscaras por dia. “Seriam 600 milhões de unidades por dia”, afirmou Uip, notando que dificilmente as pessoas vão conseguir manter o uso das máscaras.
Os 34 brasileiros que foram evacuados de Wuhan, epicentro da doença, e ficaram em quarentena por 18 dias em uma base militar de Anápolis (GO) foram liberados no domingo (23) após testes indicarem que não foram contaminados pelo novo coronavírus.
O grupo deixou a base militar com destino a oito estados e ao Distrito Federal: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Pará, Maranhão e Rio Grande do Norte.
O deslocamento foi feito por duas aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira), sendo que uma delas foi utilizada também para transportar a comitiva do governo federal de volta a Brasília.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br